domingo, 10 de março de 2013

“ME MANDE TOMAR NO CU!”


Monólogo Casulo, estrelado pelo ator Ângelo Flávio, discute importantes questões do âmago LGBT
Por Sueide Kintê e Mia Lopes (publicação do Blog Evolução HipHop)


No interior de uma das salas da Dimas (diretoria de imagem da Bahia) as luzes coloridas no teto, uma crisálida multicores na parede, e um manequim grafitado na porta de entrada ornamentavam o espaço que remetia ao casulo de uma borboleta a desvendar segredos e fervorosos pensamentos do mundo gay. Alguém gritava de dentro do recinto: “Me mande tomar no cu! Qual o problema com o cu? O cu é um buraco.” Era o ator Ângelo Flávio, o berro fazia parte de uma inusitada intervenção que integrou o Workshop Transgenerismos, laboratório do seu próximo espetáculo- Casulo: uma intervenção trans.

A lagarta, um bicho para alguns singular, e para outros asqueroso, transforma-se numa linda borboleta depois que abandona o invólucro de seu ninho. A partir desta metáfora da natureza o ator e diretor Ângelo Flávio debateu com Gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros o eterno paradoxo entre a liberdade sexual e aceitação das múltiplas manifestações das identidades de gênero. Soteropolitanos lotaram o evento que aconteceu no último sábado, dia 23 de fevereiro com a participação de Luiz Mott e outros convidados. Para Mott a atividade superou as expectativas: “Estou muito feliz com a audiência porque em outras ocasiões, inclusive em eventos de âmbito nacional, a gente não consegue reunir nem 15 pessoas”, disse o historiador, antropólogo e fundador do GGB (Grupo Gay da Bahia).

 Além de Mott, palestraram- Millena Passos, presidente da Associação de Travestis de Salvador (ATRAS), Suely Aldir Messeder, doutora em antropologia e professora da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), e, Ricardo Santana, historiador e membro-fundador do Coletivo Kiu. Durante o debate, a contribuição que mais chamou á atenção foi da estudante de publicidade Jeane Louise, que é transexual e relatou que seu maior desafio é fazer as pessoas aceitarem seu nome civil. Ela que nasceu homem, cita que até na justiça já sofreu discriminação “Quando entrei com a ação para retificar meu nome o promotor de justiça que deveria me defender foi meu primeiro obstáculo. Ele era preconceituoso, a juíza era preconceituosa, não deu outra: meu pedido foi indeferido” afirmou.

Para Ângelo Flávio, o espetáculo Casulo que estréia  dia 23 de março as 22h na Estação da Lapa, vai pôr o dedo numa ferida que precisa ser sanada – a homofobia- “O teatro que eu faço perturba os sentidos repousados para se espalhar como uma epidemia e expor a peste, para que, diante da peste, a gente não tenha escolha a não ser se curar” indagou o diretor na fala de fechamento do evento referindo-se a arte como instrumento de luta por respeito aos direitos de  gays, lésbicas, travestis, trasngêneros e bissexuais .

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