sexta-feira, 13 de maio de 2011

GRUPUSINA DE TEATRO HOMENAGEIA ZUMBI E A LUTA CONTRA A ESCRAVIDÃO

Após participar do Festival de Teatro de Curitiba, o espetáculo Usina conta Zumbi tem reestreia no Dia da assinatura da Lei Aurea

Comemorando 10 anos de trajetória na cena teatral baiana, o GrupUsina de Teatro dará a sua contribuição ao debate sobre o 13 de maio de 1888, trazendo de volta à cena baiana o espetáculo cênico-musical Usina Conta Zumbi, uma homenagem ao mais importante líder da luta negra no Brasil.

O espetáculo recria, através de sucessivos quadros e músicas executadas ao vivo, a figura lendária de Zumbi, líder do quilombo de Palmares, símbolo de resistência contra a escravidão e a opressão. Livremente inspirado na histórica montagem de 1965, Arena Conta Zumbi - texto de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri e música de Edu Lobo, o espetáculo dialoga com a contemporaneidade, relacionando os acontecimentos e personagens do passado com os fatos políticos, sociais e econômicos da atualidade, como trabalho escravo, ações afirmativas, sistema de cotas, inserção do negro na mídia e no mercado de trabalho, os movimentos sociais e a questão ambiental de Salvador.

Após ser aplaudida no prestigiado Festival de Teatro de Curitiba (abril, 2011), a peça, com direção de Ana Paula Carneiro (Mister Holliday), terá reestréia no dia 13 de maio e será encenada sempre as quartas e sextas, às 20h, no Instituto Feminino da Bahia, no Politeama, até o dia 03 de junho.
Os ingressos custam R$10,00 (inteira) e R$5,00 (meia).


O Instituto - Além de estrear em uma data emblemática da história nacional, o espetáculo será apresentado em um espaço não muito usual para a arte teatral e que guarda elementos que contam passagens da história do país. Entre as mais de três mil peças do museu, localizado no centenário casarão, está o traje de fios de ouro utilizado pela Princesa Isabel, no ato de assinatura da Lei Aurea, que aboliu, ao menos oficialmente, a escravidão no Brasil, em 1888.

A montagem Usina conta Zumbi comemora os 10 anos de atividades do GrupUsina de Teatro, companhia criada com o objetivo de encenar peças de diversos estilos, em palco, rua e espaços alternativos, investindo na pesquisa, na criação de uma dramaturgia própria e na prática constante da investigação dos elementos essenciais de comunicação do teatro. Nesta década de atuação, o grupo se apresentou em diversas cidades brasileiras, participou de importantes festivais, como o Festival de Curitiba, e ganhou prêmios, incluindo o prêmio Braskem de melhor peça baiana do ano de 2007, na categoria júri popular por Gozo Frio.

Entre as montagens do GrupUsina, estão: As Três Marias, Balada do lado sem luz, Poema de Banheiro, o infantil O gênio do livro, O homem que só comia veado, baseado na literatura de cordel, Mister Holliday, Gozo Frio, À maneira de Godard e D’As criadas, entre outros. No endereço: www.usinacontazumbi.blogspot.com, há fotos e vídeos dos espetáculos do grupo, incluindo Usina conta Zumbi.

A diretora - “Decidimos celebrar os 10 anos de criação da companhia com a releitura de um clássico do teatro político feito no Brasil. Colocando as nossas ideias e angustias em relação a um passado de horror do nosso Brasil e que deixou marcas profundas em nossa identidade. Apostamos no trabalho de criação coletiva, investindo igualmente nas características do ator atuador e do sistema Curinga, criado por Augusto Boal”, destaca Ana Paula que é fundadora da companhia, ao lado do ator, diretor e dramaturgo Uarlen Becker.

Ana Paula Carneiro vem se destacado como atriz, em espetáculos como Três história pra lembrar (Luiz Antônio Jr.), Rubem (direção coletiva, sob supervisão de Fernando Guerreiro), Noite em família (Vida Oliveira), A grande Peleja (Ivo Gato), além das peças do GrupUsina.

SERVIÇO


Usina conta Zumbi
Livremente inspirado em Arena Conta Zumbi
Encenação: GrupUsina de Teatro
Quando: quartas e sexta, às 20h – de 13 de maio a 03 de junho
Onde: Instituto Feminino da Bahia, Rua do Politeama, n. 02, Politeama Centro
Texto final e direção geral: Ana Paula Carneiro
Elenco: Adilson Passos, Águeda Tavares, Alef Bernardes, Edlene Silva, Evaldo Maurício, Diego Alcântara, Fernanda Silva, Liz Novais, Omar Leoni, Wellington Reis, Tiago Lobo e Uarlen BeckerAssistente de direção: Luiz Antônio Jr.
Preparação musical: Roquildes Jr. e Gabriel Carneiro Costa
Contatos: (71) 8725-0043 - Ana Paula Carneiro
e-mail: grupusina@gmail.com


sábado, 7 de maio de 2011

Para não dizer que não falamos dos Índios

Espetáculo IAURETÊ  revela a ancestralidade e os impactos da civilização nos povos indígenas brasileiros



 IAURETÊ Espetáculo Afro-índígena no Teatro SESI do Rio Vermelho.

O espetáculo IAURETÊ marca os 33 anos do Grupo de Teatro Palmares Iñaron. A peça é uma livre adaptação do conto Meu Tio O Iauaretê de Guimarães Rosa e da obra literária Maíra de Darcy Ribeiro e cruza as histórias de dois personagens: Oxim um místico caboclo onceiro, interpretado por Victor Kizza (Barrela, Uma Mulher Vestida de Sol) e Mehín Índio que ganha vida com a interpretação de Maria Janaína (Água que Lava Alma) e revela a ancestralidade e os impactos da civilização nos povos indígenas brasileiros. IAURETÊ é adaptado e dirigido por Lia Spósito (Macunaíma, Cangaço, O Trem Baiano), conta com a direção musical de Bira Reis e a orientação artística de Antônio Godi.
O espetáculo foi premiado no FIT – Festival Nacional Ipitanga de Teatro na edição 2010 com o Troféu de Melhor Ator para Victor Kizza. Este festival de caráter nacional é realizado no município de Lauro de Freitas/BA ao longo de 05 (cinco) edições e vem ganhando expressividade, representando o movimento cultural de Lauro de Freitas por todo o Brasil. Ainda, o espetáculo IAURETÊ foi um dos grandes representantes da Bahia e do nordeste no Festival de Curitiba 2011, que já está em sua vigésima edição e constitui-se como um dos mais expressivos festivais de teatro do país sendo realizado anualmente na capital paranaense.

Nova temporada de apresentações no Teatro SESI Rio Vermelho, localizado na Rua Borges dos Reis, 09 – Rio Vermelho. Nos dias 06, 20 e 27 de maio de 2011, sempre às sextas-feiras 20h.


Ficha Técnica
Realização: Palmares Iñaron e Oficina de Investigação Musical O.I.M
Texto: IAURETÊ (Adaptação das obras; Meu Tio O Iauaretê de Guimarães Rosa e Maíra de Darcy Ribeiro)
Adaptação e Direção: Lia Spósito
Elenco: Maria Janaina e Victor Kizza
Orientação Artística: Antônio Godi
Direção Musical e Multimídia: Bira Reis
Percussão: Kinhones, Alessandro Mônaco, Marquinhos Black
Produção Executiva: Victor Kizza
Assistente de Produção: Heloisa Jorge
Iluminação: Everton Machado
Assistente Técnico: Nildo Brito
Fotografia: Aldren Lincoln
Programação Visual: Letícia Martins

Grupo de Teatro Palmares Iñaron


Sobre o Palmares Iñaron

O Grupo de Teatro Palmares Iñaron foi fundado em 1976 por Antônio Godi e Lia Spósito, juntamente com Kal dos Santos e Ana Sacramento e cultiva, ao longo da sua trajetória, uma proposta de trabalho voltada para as questões étnico-sociais e culturais do afro-brasileiro, dos povos indígenas e do sertanejo, baseando-se na importância de se refletir sobre o convívio na diferença, sobre como pensar a diferença entre os povos, culturas, tipos físicos e classes sociais, compreendendo-a e vivenciando-a com respeito.

O nome do grupo relaciona palavras ligadas às culturas; negra e indígena e trata-se, portanto, de valorizar essas duas culturas. Palmares Iñaron significa então, Palmares Ensandecido, atribuindo homenagem à história de Zumbi e fazendo referência à terminologia de origem indígena Iñaron - que designa um estado de perturbação mental e espiritual, nos índios, por conta das influências da civilização. O trabalho do Palmares Iñaron parte de um estudo antropológico associado a uma pesquisa estético-teatral que determina uma maneira própria para interpretar as realidades diversas, desvendadas pelo olhar apurado de quem quer descobrir personagens, fatos e situações.

O Teatro-Étnico do grupo desenvolve uma linguagem característica, inspirada na essência do povo brasileiro com suas raízes e origens que constituem a nossa formação social. Em sua trajetória o Grupo de Teatro Palmares Iñaron montou importantes espetáculos, a saber: Estórias Brasileiras (1977) e Usura Corporation (1978), este que foi indicado para o Prêmio Martin Gonçalves de Teatro, à época, nas categorias de Melhor Texto para Antônio Godi e Melhor Atriz para Lia Spósito, além da realização da Leitura Dramática de Documentos Negros (Revolta de Búzios) em uma das reuniões que marcavam a constituição do Movimento Negro Unificado em 1979, no antigo Espaço Sucupira, onde hoje funciona a Prefeitura de Salvador.