segunda-feira, 5 de julho de 2010

O Público lotou o Teatro Estádio nos 4 espetáculos das Dionisíacas

O Teatro Oficina deve ter obtido o mesmo sucesso de publico que teve das outras vezes quando esteve em temporada em Salvador.

O Teatro Estádio construído em um terreno recém desmatado no Campus de Ondina, atrás da Escola de Dança da UFBA, possuía arquibancadas com capacidade para 2.000 pessoas. E mesmo com o São João, o público compareceu.

O primeiro dia com Taniko uma peça do repertório Nô Japonês, mas recriada pelo teatro Oficina, como Nô Bossa Nova Tranzênico, foi o único dia que as arquibancadas não ficaram totalmente lotadas.

Em todos os espetáculos os atores pediam a participação do público, muitas vezes para cantar, ou até para entrar em cena, para dançar, torcer e se divertir.

Em Taniko fomos chamados para amarrar uma fita em uma árvore que no espetáculo representava o “teatro da árvore nagi, no Templo Imaguma-no”, menção as Cerejeiras Japonesas, em Salvador eles fizeram ligação direta com as árvores sagradas do candomblé, a música cantada durante a encenação da fita, “Faixa de Cetim” de Ary Barroso remetia as nossas tradições nos cultos afros.

Uma encenação leve, com muitas alegorias em cena, poesia, pouco ou nenhum nu, com muitas informações sobre personagens do teatro Japonês que me fizeram viajar em algumas pesquisas na internet para saber mais.

No segundo dia do Dionisíacas tive uma aula de história do Teatro Brasileiro com a peça Cacilda! Estrela Brazyleira a Vagar (brasileira é escrito assim mesmo). Trata-se de um musical com trilha ao vivo, composta por música de todas as épocas.

O público foi convidado a entrar no teatro com canções que remetiam ao período junino e logo após Zé Celso, comandou uma pequena quadrilha com o público fazendo um túnel na entrada do teatro. Foi só alegria!

Me diverti muito neste espetáculo, mas gostaria de deixar registrado dois momentos que me marcaram profundamente, o primeiro foi a torcida para Emilinha Borba e Marlene. O Público foi chamado para torcer pelas atrizes que apareceram uma em cada canto do estádio, eu gritei tanto, mas tanto que fiquei rouca, mas foi uma delícia, ver acontecer ali o que acontecia no teatro brasileiro, onde as estrelas tinham torcidas organizadas que disputavam no grito.

O segundo momento foi entrar em Terras dos Sem Fim de Jorge Amado e ir parar em Ilhéus, cidade onde nasci, junto com Cacilda e todo elenco do Oficina com um delicioso banho de chocolate, para saber mais convido todos a entrarem no Blog de Demian Reis e conferi fotos e a postagem “Cacilda de Zé Celso teve sabor de chocolate de Ilhéus”.

O terceiro dia Bacantes, o espetáculo mais musical do Teatro Oficina, com danças, mitologia grega, trazendo para cena os sátiros e os deuses, porém acrescidos de representações de rituais xamânicos, indígenas e africanos.

É um espetáculo definido pelo próprio grupo como “um inédito estilo de musical a Ópera de Carnaval”, onde o público se divertia cantando e dançando dentro do espaço de encenação que foi aberto por um carro que trazia os personagens.

O CarroNaval da Carranca na Proa atraca no Canal, trazendo toda, a tripulação com as fantasias, balagandãs phalos abrindo comassobios de trombetas de Zé Pereira.

Para o Susuro de Carnaval: Evoé!

CORO

(cantando)

Quem disse que a escola de samba não sai,

Não tem cabeça pra pensar,

A escola, vai sair,

E o povo vai cantar

E eu vou gargalhar

Quá, quá, quá, quá

Quá, quá, quá, quá

Não tem perdão

Não é a primeira vez

Você errou sem querer,

Coração

CORO

ió! Pã!

(o carro entra assoviando o Zé Pereira,

com muita cautela, em cada novo Porto, levanta o mastro e os Tyrsos Trombetas)

Das terras da Ásia

das santas montanhas floridas

do Tmolo!

Eu chego

com o deus do barulho!

(Rodando ovalmente por todo espaço saudando o publico e o cosmos)

iÓ! iÓ! iÓ!iÓ! iÓ! iÓ! iÓ!iÓ!

iÓ! iÓ! iÓ!iÓ! iÓ! iÓ! iÓ!iÓ!

A dor é doce

O fardo é leve

Cantando

Evoé Baco! Evoé!”

Diversas vezes me remeti aos grandes espetáculos de circo que assisti quando era criança, onde o público era sempre convidado a torcer e acompanhar e foi muito disso que vi em cena também, principalmente quando os atores entraram jogando água no público, provocando uma imensa gritaria, por desconforto de uns e divertimento de outros.

O quarto e último dia O Banquete, que fecha o estádio. O Clássico diálogo de Platão recriado pelo Oficina “como forma de encontrar uma nova arte do falar, mais próxima do canto, do phalar”.

Fomos convidados no início do espetáculo a deixar nossos sapatos em uma sacola plástica e se quisesse sentar/deitar nos colchões ao lado da mesa onde seria servido o Banquete. Eu preferi sentar junto à mesa para participar mais ativamente do Banquete, que servia vinho, para quem havia pagado na entrada o valor de R$ 5,00 por taça (durante o espetáculo o vinho deveria ter sido servido ao público 3 vezes) e muitas frutas e beijus em grandes cestas colocadas a mesa para todos.

Após os personagens do Banquete ter se colocado ao lado do público o personagem Agatão, vestido como Dionísios das Bacantes (o dia anterior) abre o Banquete dizendo o seguinte:

“AGÁTÃO

Comecemos.

Ao Banquete, já!

Quem veio pra cá

com pé atrás

espero terem no Armário depositado como jóia

toda a paranóia…

(para os Garotos e Garotas Escravo(a)s)

Mimem nossos convidados mais que gueixas

não vamos dar asas pra queixas.

E vocês meus convidados

comam todos os desejos por vocês desejados

não vou dirigir nem deixar nada determinado,

eu mesmo não quero passar de um convidado.

Oh vocês, cada belo ou bela Ganimedes,

sirvam-nos com o que o desejo péde

nós vamos vos servir com amor que não se méde”

Durante toda encenação fomos convidados a comer, beber e a subir na mesa/palco para participar da encenação. Beijos, abraços, desejos, “amor que não se mede”, claro para quem “depositou no armário toda paranoia”.

De um lado a Cantata para Eros, promovida pelos personagens Agatão, Pausânias, Erixímaco, Aristófanes, Orfeu, Alceste, Aquiles, Pátroclo, Hector, Paris, acompanhados pelo Coro das Bacantes e dos Satyros e do outro lado o Olimpo com os deuses gregos Zéus, Hera, Apolo e Eros.

Não tenho muito o que falar desse dia, se eu fosse descrever tudo o que aconteceu, tudo que eu vivi e senti não acabaria hoje, ficaria aqui dias escrevendo esta postagem, mas o meu objetivo na realidade era registrar essa passagem do Teatro Oficina, que realizou na Escola de Dança da UFBA diversas oficinas e esses quatro espetáculos que teve lotação completa todos os dias, apesar que todos os dias, devido a longa duração dos espetáculos, problemas com transporte publico de nossa cidade e também talvez por não ter gostado do espetáculo, as pessoas se retiravam durante a encenação.

Notei que no Banquete a saída do público do teatro estádio foi logo no início do 1º ato onde não havia dado tempo nem de esquentar o lugar.

Tenho que parabenizar o teatro Oficina pela vivência proporcionada, tanto na oficina de atuação que eu participei na escola de Dança, que no primeiro dia foi realizada com os integrantes de todas as oficinas, mais de 100 pessoas, tanto nos espetáculos que me fizeram sentir-me livre e feliz, mesmo rouca, cantando, dançando participando ativamente quando era chamada.

Termino aqui com a seguinte frase do hinário distribuído junto ao programa da peça:

“Se não tivesse vinho, não tinha Vênus e nenhum prazer aos mortais ia sobrar, aí então, melhor era tudo se acabar”

Evoé!

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